Pintado | Rio Tiête

Em 2019, a cidade de São Paulo recebeu a exposição itinerante sobre o poluído rio Tietê. A obra inflável com 40 metros de comprimento navegou por toda a extensão do principal rio da capital, como um alerta para a sociedade sobre a atual degradação das águas e a necessidade de recuperação deste importante elemento urbano de São Paulo, que poderia se integrar ao cotidiano como espaço de mobilidade urbana.

A intervenção, composta por uma escultura na forma de um peixe de água doce da espécie Pintado, já viveu na região antes da contaminação das águas. Segundo o artista, a exposição simbolizou o fenômeno da Piracema, que na língua tupi significa “subida do peixe”, quando o mesmo nada contra a correnteza para perpetuar a espécie.

“O rio Tietê nasce a 20 km no Oceano Atlântico, mas corre para o interior e foi fundamental para os índios e bandeirantes, assim como na formação da própria cidade de São Paulo. O “Pintado” nos lembrará das cores e formas perdidas do verdadeiro Tietê e também de um futuro com mais oxigênio. Por isso, sua enorme boca aberta querendo respirar”.

Srur conta que ficou impressionado quando descobriu, na semana de montagem da obra junto aos trabalhadores do desassoreamento do rio, que ainda existe uma espécie de peixe parecida com o Pintado que habita o Tietê na capital.

“Quando vi o peixe, tive um misto de tristeza e esperança; de ver a luta pela vida e a força da natureza em qualquer circunstância.

Na última semana da exposição, quando se celebra o dia do Rio Tietê, Srur navegou junto com a obra. A ideia foi provocar a reflexão, também pertinente, sobre a mobilidade dentro do rio.

“O Rio Tietê é navegável e isso traria integração com o cotidiano da cidade. Desconfio que o Pintado chegará antes no seu destino que milhares de motoristas presos no trânsito das marginais.”

Ficha técnica

Inflavel, plataforma de flutuação e sistema de energia solar com leds.
38 x 12 x 7 metros

São Paulo, 2019

Pintado | Rio Pinheiros

“Serei o primeiro paulistano a pescar no rio Pinheiros no século 21.”

Em2017, o Pintado navegou pela primeira vez sobre as águas poluídas do rio Pinheiros.

Assim como no Rio Tietê (2019), a intervenção provocava o olhar da sociedade para a contaminação das águas. Nesta edição, a obra utilizou energia solar para manter a escultura inflada durante a navegação.

Srur concebeu a mostra visual Peixaria, na estação de trem Pinheiros CPTM, onde circulam mais de 200 mil pessoas por dia. A instalação era composta por balcões de peixaria com esculturas feitas com lixo que remetiam a espécies de peixes. A exposição também promovia oficinas gratuitas direcionadas para o público espontâneo.

“Se a sociedade é incapaz de cuidar do rio Pinheiros, o Pintado nos lembrar que a arte é um caminho possível. O artista não dá o peixe, ele ensina a pescar.”

São Paulo, 2017

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INTERVENÇÕES
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